Em resposta ao alerta recente do Ministério da Saúde de Angola (MINSA) sobre os riscos de intoxicação alimentar associados ao consumo de mandioca, ginguba e batatas cruas, o Professor Doutor Armando M. Valente, docente e investigador da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos (FCA-UJES), trouxe contribuições relevantes, oferecendo uma análise prática e esclarecedora sobre a segurança no consumo desses alimentos.
Em seu artigo (disponível AQUI), o Professsor explica que os riscos associados ao consumo da mandioca variam conforme o tipo e o modo de preparo. Ele esclarece a distinção entre a mandioca amarga e a mandioca doce, sendo a primeira rica em compostos cianogénicos, que podem se tornar tóxicos se a mandioca for consumida crua ou mal processada. Já a mandioca doce, com baixos níveis desses compostos, pode ser consumida em pequenas quantidades, mesmo sem processos de fermentação.
Segundo o Professor, a mandioca amarga deve passar por processos específicos, como fermentação e cozimento prolongado, amplamente utilizados na preparação de fuba de bombó, farinha torrada e tchikwanga, que eliminam o cianeto e tornam o produto seguro para o consumo. Ele reforça que a mandioca doce é segura para consumo após cozimento ou assamento, devido ao seu teor mínimo de compostos cianogénicos.
Dr. Valente também comenta sobre o consumo inadequado da mandioca e sua relação com a doença de Konzo, referindo que, contextos de extrema carência alimentar, onde a mandioca amarga é consumida como única fonte de calorias sem adição de proteínas, o risco de contração dessa doença aumenta. O professor destaca ainda que, o consumo de proteína animal, mesmo em pequenas quantidades, pode ajudar o organismo a neutralizar o cianeto. Ele lembra que surtos de Konzo já foram registrados em países africanos onde a mandioca, por falta de alternativas, é consumida de forma inadequada.
Em relação à ginguba e às batatas, mencionadas no comunicado do MINSA, o Professor esclarece que, não existem evidências científicas que indiquem a existência de cianeto nestes alimentos. Entretanto, a ginguba, se mal armazenada, pode desenvolver micotoxinas prejudiciais à saúde, sendo este um risco diferente do encontrado na mandioca.
As contribuições do professor Valente somam-se ao alerta do MINSA, esclarecendo a importância de práticas seguras de preparo e as diferenças entre os tipos de mandioca, essenciais na dieta angolana. Sua análise complementa a orientação de saúde pública, oferecendo uma visão científica e prática que reforça o consumo seguro e informado desses alimentos básicos.
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